quinta-feira, 7 de maio de 2009

BULLYING- Entrevista



Olá a todos! Somos da turma do 8ºB e estamos a desenvolver um projecto sobre bullying para alertar-mos os alunos da violência existente nas escolas. Certamente ja ouviste falar do bullying. O bulliyng é um termo inglês que serve para descrever actos de violência física ou psicológica, praticado por um ou vários individuos com o objectivo de intimidar ou agredir outro individuo incapaz de se defender, isto acontece muitas vezes na escola. Para sabermos mais sobre este assunto, que é muito frequente nos dias de hoje, fomos entrevistar a psícologa da nossa escola a Dra. Margarida:

1- Já tomou conhecimento de algum caso de violência na escola, durante as suas funções nesta escola?
Sim. Já tomei conhecimento de situações pontuais. Mas de um modo geral, nesta escola, a frequência deste tipo de ocorrências não me parece muito significativa. No entanto, este é um problema cada vez mais discutido e que faz todo o sentido ser trabalhado em todos os contextos escolares.

2- Qual o tipo de violência mais frequente, da qual tem conhecimento?
Penso que o tipo de violência mais frequente, ainda que pontual, será o que é exercido indirectamente, ou seja, através de insultos, ameaças, provocações ou depreciações sobre um indivíduo. Apesar de este género de violência não ser tão evidente, basta, por vezes, estarmos um pouco mais atentos para perceber que ela existe mesmo ali à nossa volta. E isto acontece em vários contextos em que seres humanos interajam, não só na escola, mas também no trabalho por exemplo – o chamado Mobbing.

3- Quais os locais onde ocorreram?
Julgo que nesta escola o problema do Bullying não é muito significativo em comparação com outras realidades. No entanto, pontualmente, ocorrem situações deste género em situação de sala de aula, mas mais frequentemente nos espaços de recreio, onde as vítimas se encontram mais vulneráveis.

4- As vítimas de agressão foram maioritariamente do sexo masculino ou feminino?
Penso que a distribuição por sexos será mais ou menos homogénea. Existem, no entanto, diversos estudos que apontam para um maior número de vítimas do sexo feminino. Por outro lado, os rapazes têm mais tendência para não se assumirem como vítimas, pela vergonha e confronto com a sua imagem de certo poder e segurança instituída pela sociedade.

5- Os agressores foram maioritariamente do sexo masculino ou feminino?
Uma vez mais, penso que os números serão idênticos. Também aqui, estudos referem que a maior parte dos bullies são rapazes. Este facto prende-se, também, com o estereótipo de bully e vítima, em que o primeiro transmite uma personalidade mais autoritária (típica dos rapazes) ao contrário da vítima que revela baixa auto-estima e assume uma atitude mais passiva (típica das raparigas), o que a torna um alvo preferencial deste tipo de violência. Além disso, as raparigas executam mais o bullying indirecto, caracterizado principalmente pelo insulto, humilhação ou ostracismo, enquanto que os rapazes optam mais pelo bullying directo, caracterizado pelo abuso físico e, portanto, mais visível.

6- Quais as medidas que sugere que sejam adoptadas?
Principalmente medidas de prevenção e não tanto de punição. A punição será indicada para casos mais extremos, mas temos de ter a consciência de que ela constitui uma forma de interrupção temporária da violência e não tanto um meio de prevenção ou mudança desse mesmo comportamento.

7- Existem estratégias de prevenção para evitar a violência no meio escolar?
Sim. Diversos países, incluindo Portugal, têm aplicado programas de intervenção na problemática do bullying, que passam pelo envolvimento conjunto de toda a comunidade escolar, na tentativa de uma maior consciencialização do problema, promovendo um maior apoio para agressores e vítimas. Algumas das metodologias utilizadas que têm provado ser eficazes passam pela visualização e análise de vídeos, estudos de caso, dramatizações/role play, brainstorming acerca de estratégias de prevenção, ou jogos pedagógicos. Em relação ao vídeos, existem alguns filmes bons para trabalhar esta problemática. Entre outros, posso destacar “Mean Girls” – Meninas Malvadas – que relata a situação de uma rapariga que é sujeita a este tipo de violência e que, como forma de vingança, passa a agir do mesmo modo.

8- Existe algum programa de intervenção conjunta com a Escola Segura? Em que consiste?
O programa Escola Segura, surgiu da iniciativa do Ministério da Educação e da Administração Interna, e visa intervir a nível nacional nos vários níveis de ensino, excepto no superior. Assim, foram criadas equipas cujo objectivo principal é a segurança e vigilância das áreas escolares, fazendo o policiamento daquelas áreas, mantendo contactos com os Conselhos Executivos das escolas, desenvolvendo acções de sensibilização junto da comunidade escolar, sinalizando e apoiando as vítimas.

9- Como devem ser tratados os casos de bullying que chegam ao conhecimento público (pais e filhos).
Vários são os casos de bullying que têm chegado ao conhecimento público. Vemos, hoje em dia, várias situações relatadas nos meios de comunicação social. Por um lado, poderá funcionar como um meio de esclarecimento deste problema, mas por outro poderá causar alarme e potenciar reacções desastrosas no seio da comunidade educativa. É importante que as pessoas estejam alerta, mas que possam resolver este tipo de problema, tal como outras situações de conflito, de uma forma equilibrada e justa, protegendo e apoiando vítimas mas também agressores.

10- O que podem os pais fazer para perceber melhor estas situações?
Os pais deverão estar atentos a diversos sinais de alerta nas vítimas de bullying, tanto a nível comportamental/emocional, físico, social e escolar, tais como: comportamentos típicos de ansiedade ou depressão, sono irregular com emergência de pesadelos, aparecer com bens pessoais danificados, isolamento e recusa em falar de si próprio, baixo rendimento escolar ou rejeição da escola, entre outros. No caso dos bullies também poderão ser identificados sinais de alerta, como: sentimentos exacerbados de controlo e poder sobre os outros, impulsividade e baixa capacidade de resistência à frustração, sentimentos de indiferença ou satisfação perante o sofrimento dos outros, comportamentos de oposição e problemas no relacionamento interpessoal com atitudes marcadamente agressivas.

11- O que podem os pais fazer caso o filho seja vítima de bullying?
O bullying pode causar efeitos negativos nas vítimas, tais como o experienciar sentimentos de medo e ansiedade que, por vezes, podem ser difíceis de ultrapassar. Dependendo das características individuais das vítimas, estas podem, mais tarde, evidenciar problemas ao nível do relacionamento interpessoal, motivados por uma baixa auto-estima, ou podem mesmo assumir também um comportamento agressivo para com os outros. Assim, é importante que os pais estejam alerta e, confirmada a ocorrência de bullying, devem conversar com o seu filho sem dramatizações exacerbadas, elogiando a sua atitude de partilha e demonstrando compreensão. Deverão, também, informar a escola para que possam ser tomadas medidas adequadas à situação em concreto.

12- A solução passa pelo acompanhamento especializado?
O acompanhamento especializado é necessário e poderá ser desenvolvido em programas de aconselhamento individual ou de grupo, onde serão trabalhados aspectos como a promoção de competências sociais e de amizade, gestão de conflitos e formas de lidar com o stress, assertividade e promoção da auto-estima.
A solução passará, sobretudo, por adoptar estratégias de prevenção, pois só assim poderemos tentar uma mudança urgente de mentalidades e comportamentos, de modo a tornar um espaço em concreto como a escola, mas também, a sociedade em geral, num meio mais saudável e marcado pela afectividade.


Agradecemos a Dra. Margarida pela sua disponibilidade.
E esperamos que com este artigo tenhas ficado mais informado sobre o bullying!

2 comentários:

!ima disse...

Muito obrigado, precisava de ajuda neste assunto e fiquei esclarecido!

Anónimo disse...

achei muito legal e ficou muito bem feito e esclarecido